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quinta-feira, 3 de março de 2016

Adorável Cotidiano Infeliz - Ou Realidade Velada


Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar, me espreguicei, tentei de qualquer forma levantar, mas me faltava a coragem de enfrentar o dia, virei para o lado e resolvi cochilar mais um pouco, tentando afastar dos pensamentos aquela velha angustia que há tempos me persegue sem dar trégua. 

Mas não teve jeito, levantei, fui até a cozinha e tomei um café amargo, para encarar mais um dia frio, quem sabe o amargor do café tirasse o amargor da alma e o frio do coração? 


Tomei um banho quente na esperança de despertar os músculos e relaxar a tensão, me vesti e parti para o meu destino. 

Na correria diária eu fico a observar as pessoas, em suas rotinas, que muitas vezes envolve uma vida agitada, preenchida por vazios existenciais e futilidades, “o adorável mundo novo”, de modernidades que fazem as pessoas serem robóticas, automáticas, me pergunto para que vivemos se não passamos de escravos do tempo, da fadiga e da rotina? 

Fui ao trabalho sem de fato gostar dele, mas como também sou um escravo do tempo e da rotina, tenho que ganhar o meu sustento. 

Como de praxe um sonoro “bom dia a todos” e vamos enfrentar 12 horas de trabalho maçante e enfadonho, para no final do dia voltar para casa esgotado emocionalmente e fisicamente e fingir que a vida é prazerosa. 

Chego em casa abro a geladeira e pego uma cervejinha, sento no sofá e ligo a TV, para variar nada de interessante, só notícias sobre desgraças alheias, corrupção e escândalos, a normalidade de sempre. 

Conecto a TV a internet e me distraio pesquisando algum filme na Netflix. 

O filme acaba, como o resto da pizza de ontem, tomo um banho e caio na cama em busca de algum conforto, respondo alguns e-mails pelo Smartphone e vou dormir novamente sozinho, sem perspectiva de melhorias breves, só seguindo a maré, esperando uma reviravolta na vida, na alma, no coração, mas sem grandes ilusões, pois já faz algum tempo que aprendi a não alimentar as minhas expectativas, que quase nunca se alinham com a minha realidade, portanto prefiro o ceticismo. 

Enfim pego no sono e sonho com o amanhã, e espero que ele chegue rápido e me surpreenda, mas sei que é só um sonho.

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