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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Nenhuma Dor Vai Nos Matar Para Sempre!


Ela vinha sempre por volta das sete horas. Para ser mais precisamente quase sete e meia da manhã colocava seu belo quadril no banco sempre no canto do balcão, perto da máquina de café que eu adorava, mas que abria mão de estar perto somente para poder ficar a olhar sua exuberante forma feminina e tentar parar em seu olhar. Na verdade, não por muito tempo, pois o aroma do café e sua figura cada vez mais me seduziam. Quem diria que o papinho bobo ao lado da máquina de café iria virar uma conversa incrível e que iriamos nos atrasar para nossos empregos todos os dias para ficarmos mais um pouco na companhia um do outro. 


Ela tomava chocolate quente e eu café, me abria com milhares de palavras à beça enquanto ela sempre com pressa. Mas quando ela me olhava com milhares de olhares dentro de um só, e encostava sua mão e suas unhas com esmalte rosa, eu percebia que cada vez queria ela para sempre. 

Sabe quando ficamos bobos, quando ficamos escravos de alguém? 

Manja amor? 

Pois é, o tempo foi indo e nós dois seguindo, ás vezes ao lado do outro, ás vezes pertinho um do outro, mas sempre naquele sensual joguinho de romance que não sabemos se devemos parar ou seguir adiante. 

A gente trocava mensagens safadas e inteligentes pelo telefone e muitas vezes por gestos e por olhares. A gente acabou se entregando um ao toque do outro, acabamos se entregando aos beijos molhados, aos suores na nuca, as delicadas sutilezas de sensações e desejos. Ela me pedia para tirar sua calcinha devagar, pois queria ver em meus olhos toda tensão e prazer iguais quando ficamos um dentro do outro. Ela beijava cada parte de meu corpo ainda não explorado por nenhuma outra mulher. Gostava de como me movia quando ficava de quatro toda solta e tentava me olhar na quina do sofá. Sempre pedia mais e sempre obtinha seu prazer interminável comigo. Seus olhos muitas vezes ficavam com pequeninas lágrimas depois de um orgasmo intenso, me olhava e dizia obrigado. Na hora não pensava sobre, mas de certa forma depois me perguntava se existia alguma lógica pelo agradecimento. 

A manhã chegou como sempre chegavam os dias seguintes, e ela tomou normalmente seu chocolate. Não falou muito, apenas o necessário e percebi um diferente tom em seus lábios. Olhou para o relógio e disse que tinha que ir mais cedo. Sai atrás logo depois e a vi entrando em um carro parado na esquina. Aquela cena revirou minha cabeça o dia todo. Eu não queria comentar nada quando fossemos nos encontrar, não queria que despertasse algum tipo de fumaça de ciúme ou algo, mas por dentro eu estava queimando. 

Resolvo que chegaria antes da hora marcada, tomo um banho, coloco talvez minha melhor roupa e passo um pouco de meu Hugo Boss adquirido com metade de meu misero salário, mas que ela adorava. 

Acho que queria ser uma surpresa, acho que queria ver sua reação, ou compensação. 

Sentamos no sofá de seu belo apartamento, ela no canto e eu no meio. Ela vestida com roupas de casa, e eu pronto para um encontro. Á todo momento meus dentes mordiam meu lábio inferior, e minhas mãos estavam inquietas. Estava nervoso e apreensivo. Á todo momento ela sorria de uma maneira calma, satisfeita, mas com o semblante triste. 

Levanta e me traz uma caipirinha bem-feita, do jeito que sabe que gostamos de beber. 

Chega mais perto, me faz um carinho e passa sua língua na minha em um beijo gostoso. Toda carinhosa. Carinho demais. Fala como se nunca tivesse conversado antes comigo. Fala até de fofoca do trabalho. Dou pequenos sorrisos e com movimentos de cabeça. Até tentou me contar uma piada bobinha, mas se esqueceu do fim. Não conseguia. Tentei passar a mão em suas pernas à mostra, para ver sua reação, mas nada demonstrou. Não ligou. Ligou a tv, e passou a zapear por entre os canais, e para seu azar parou em um deste filmes lindos de amor, em que os personagens amam de verdade e não por ficção. Desliga a tv, e me olha. 

Começa a falar que não pensa na vida sem mim, que sou maravilhoso em tudo. 

(Minha barriga ferve já prevendo as próximas palavras e frases). 

Depois que ela começa as primeiras estrofes, me levanto e saio. Prefiro esfriar a cabeça longe, antes que o sangue suba e faça algo errado novamente sem pensar. 

Se entregar e se apaixonar não é ruim, é maravilhoso. O ruim é a dor, a sensação de que você foi usado. A sensação de que talvez aquela pessoa, que para você era seu momento, ou que eram vocês dois em coisas novas e especiais, nada mais eram que divertimento, ou passatempo. Acabo por me sentir sujo. Acabo por me sentir o homem mais idiota do mundo, por poder proporcionar a uma mulher oque o seu marido não lhe fazia em muitos anos. 

Os olhos sentem, os movimentos mentem e o coração demonstra. Olho em volta a rua cheia de pessoas a sorrir, comer e bebendo bastante cerveja, bastante coca-cola, e bastante cheios de poses e jeitos falsos para alguém. 

Olho em volta e vejo um casal idoso namorando entre lambidas em seus respectivos sorvetes.

Começo a andar novamente e uma moça linda de pele branca, cabelos negros compridos e com pequenas sardas no rosto tromba acidentalmente em mim. Ela abre um sorriso mais que lindo, talvez perfeito. Sem saber como de um incomodo triste e deprimido, meu coração puxa de um canto ao outro meu sorriso a ela. 

Sabe por que isso ás vezes acontece minha amiga que está lendo?? 

Porque não é somente como você acha que só as mulheres são passadas para traz. 

Porque não foi somente você que sofreu por amar e se entregar a alguém que não deu valor a quem você era e o que sentia. 

Porque este tipo de pessoa acaba por ficar indiferente, estranhamente longe e fria. 

Porque eu também ouvi que sou o cara certo na hora errada... 

Nós homens também já tivemos nossos momentos, invernos e relacionamentos que nos sangravam todos os dias. Que nos deixavam sem comer, e sem ter prazer em assistir ao jogo. Também necessitamos de um amor, para que todo o resto funcione bem. 

Não só existem homens que olham para a bunda da outra quando você se despede. Também há nós homens que temos respeito e olhamos nos olhos e para dentro do peito. 

Sim, minha amiga leitora, sabemos também como é rir sozinho depois de chorar sem motivo, aquele riso sem gosto depois de lembrar de coisas que fizemos, de coisas que planejamos e que tentamos. Rir para nós mesmos dentro do pensamento e dizer que o amor é uma bosta! 

Tipo aquele ai ai depois de uma gargalhada incrível em que nossa barriga dói, ou daquela melancolia depois de gozarmos um ao lado do outro, e os corpos relaxarem. 

Sim, minha cara amiga leitora, não é só você que passou por isso. Mas tenha a certeza que alguém poderá trombar algum dia depois, que os dias, chocolates e pessoas seguiram, e que a vida continua todo dia. Que talvez assim como comigo, depois de uma dor, seguida de uma trombada boa. 

O coração assim como as sensações, toques, olhares, dias, nuvens, e sorrisos, tem o poder de se acalmar, de melhorar, de se escurecer, mas também de se encher de luz e florescer! 

Assim como nós e o tempo, nenhum inverno dura para sempre, nenhuma dor vai nos matar para sempre. 

Temos sempre outra chance, e o que de verdade dura para sempre é e sempre serão os momentos!

Quando você toma seu café, quando você dá uma lida em cada capitulo de seu novo preferido livro, em cada olhar, em cada beijo dado com vontade, ou em cada namorar no fim de tarde... 

A escolha é sempre sua, não deixe nada te derrubar, mesmo sabendo que nossa vida é dura. 

Aguente firme amiga, pense e continue sorridente, não fique parada na dor e no passado, enfrente e viva o presente. 

Sei que hoje em dia amar é raridade e ou talvez absurdo, mas foda-se aos outros, continue intensamente e não se arrependa jamais. Continue amando, caindo, se tornando forte e a amar mais.

Já passa de uma hora da madrugada, e talvez eu já tenha que estar dormindo, pois, acordo daqui a quatro horas. Talvez eu saiba que por que hoje em dia quase ninguém liga mais para as pessoas e para os sentimentos. Mas eu ainda ligo para esta baboseira de gentileza, amizade e compaixão uns com os outros, amiga! 

Espero que de alguma forma, você saiba que não é somente a mulher que sofre e enfrenta as dificuldades. Somos todos nós como homens e mulheres, que cada vez mais preferimos gastar com telefones do que viagens, em baladas do que olhares, em mentiras do que verdades. 

Não caia nessas que somente as mulheres sofrem de amor, e que não existe homem que ame. Não caia nessas de que nada mais vai lhe acontecer, prefira esperar, ter fé e depois ter prazer em fazer.

Manja amor? 

Então amiga querida, ele pode estar ali ao lado da máquina de café, tenha vontades apenas, não medos, pois cada olhar, toque e sentimentos são diferentes á todos nós, juntamente com os momentos, e estes, com toda certeza deste mundo ficaram sim guardados com você cheios de coisas boas para sempre! 

Por Felipe Lopes

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